Dois editais inéditos destinados às cientistas mulheres do Amazonas foram anunciados pelo Governo do Estado, nesta sexta-feira (11/02), durante o lançamento da Programação do Movimento Mulheres e Meninas na Ciência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). A ação, que marca o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado hoje (11/02), destina um montante de R$ 4.567.200,00 para projetos de pesquisa a serem desenvolvidos por pesquisadoras do estado.
Quarenta e um projetos serão apoiados por meio do Programa Mulheres das Águas/Fapeam, que irá atender exclusivamente projetos de pesquisa aplicada, inovação ou de transferência tecnológica, coordenados por pesquisadoras no interior; e do Programa Kunhã-CT&I no Amazonas, que contempla propostas de todo o estado, e apoiará pesquisas que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado.
As inscrições para os dois editais estão abertas e podem ser feitas por meio do site da Fapeam (www.fapeam.am.gov.br).
Durante o evento, a diretora-presidente da Fapeam, Márcia Perales Mendes Silva, destacou que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti) e da Fundação, vem trabalhando desde o ano de 2020 para incentivar a cultura da igualdade de gênero na área da ciência.
“Lançamos, em 2021, dois editais no valor de R$ 10 milhões, hoje nós temos 70 mulheres coordenando projetos de pesquisas oriundos desses editais no estado do Amazonas. Em 2018 a Fapeam tinha 416 mulheres coordenando projetos. Final de 2021 nós tivemos 657. É um aumento de 55%. Isso é fruto de um conjunto de ações de políticas públicas afirmativas para que a mulher possa entrar e sua participação fortaleça a área de pesquisa”, disse.
Márcia Perales ressaltou ainda a importância de políticas para inclusão de mulheres. “Se pegarmos os ganhadores do prêmio Nobel, por exemplo, de 904 ganhadores, só 5% são mulheres. Aqui mesmo na Universidade Federal do Amazonas, em 112 anos, só se teve uma reitora. A gente tem vários exemplos que fortalecem a necessidade desse movimento para incluir e ter mulheres”, exemplificou, ao homenagear as pesquisadoras com o poema “Sonhe”, que traz uma mensagem de resiliência e perseverança.
A diretora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), única mulher no cargo ao longo dos 70 anos da instituição, Antônia Franco, enfatiza o equilíbrio entre o profissional e a vida pessoal desempenhado pelas mulheres.
“Acho extremamente necessário que a gente possa fazer uma homenagem nessa data. É um estímulo às mulheres a participação na ciência. Nós temos grandes desafios todos os dias, porque essa jornada não envolve apenas o nosso desenvolvimento profissional, mas requer também atenção da nossa família, pais, filhos. Mas isso não impede que a gente cresça, que a gente queira participar da ciência, de sermos mulheres ativas e crescermos”, pontuou.
Participaram também do evento a reitora da Universidade Nilton Lins, Gisele Lins; a diretora do Instituto Leônidas & Maria Deane – Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken; a diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), Tatyana Amorim; e a diretora-presidente da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Amazonas (Hemoam), Socorro Sampaio.
Programação
Além dos novos editais, a Fapeam também anunciou uma série de atividades de popularização da ciência e divulgação científica. As ações integram a programação do Movimento Mulheres e Meninas na Ciência da Fapeam, que iniciou hoje (11/02) e se estende até 11 de março, com intuito de aproximar a ciência da população, assim como divulgar a importância da redução das desigualdades de gênero na ciência, tecnologia e inovação.
“Elas na Ciência”, próxima ação da Fapeam, irá divulgar vídeos de pesquisadoras, com o intuito de estimular mulheres e meninas a ingressarem no campo da ciência. Os vídeos serão divulgados, nas redes sociais da Fapeam, a partir do dia 15 de fevereiro.
No dia 18 de fevereiro estreia o “Fapeam na Praça”. A atividade será realizada na Praça Heliodoro Balbi, conhecida como Praça da Polícia, no Centro de Manaus. Já no dia 22, a Fapeam promoverá uma exposição virtual de pôsteres sobre pesquisas desenvolvidas por cientistas mulheres.
No dia 4 de março, a Fundação realizará o “Fapeam na Estrada: Movimento Mulheres e Meninas na Ciência da Fapeam 2022”, em Itacoatiara (distante 176 quilômetros de Manaus). O evento contará com a apresentação de estudos desenvolvidos por pesquisadoras do município.
A live “Xá com elas: Por que é necessário ter mais mulheres na ciência?” encerra a programação do Movimento Mulheres e Meninas na Ciência, no dia 11 de março, com debates sobre a importância da igualdade de gênero na ciência e a baixa representatividade das mulheres nas ciências, tecnologias, engenharias e matemáticas (Stem), além dos avanços da Fapeam em chamadas e editais.
Outras ações
Desde o ano de 2020 o Governo do Amazonas, via Fapeam, vem realizando diversas ações em prol do estímulo às mulheres e meninas no campo da pesquisa científica, tecnológica e de inovação no estado, entre as quais estão rodas de conversas entre pesquisadoras e alunas, atividade de popularização da ciência na Feira Itinerante da Aparecida, webinários, além de premiação para projetos desenvolvidos por professoras com bolsistas meninas no âmbito do Programa Ciência na Escola (PCE).
Ainda, especificamente para o público feminino, a Fapeam lançou, em 2021, dois editais inéditos: o Programa Mulheres na Ciência para apoiar propostas nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Ciências Agrárias no interior do estado; e o Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência, que selecionou propostas de pesquisadoras para o desenvolvimento de estudos, processos e produtos inovadores. Atualmente, 70 projetos estão em andamento com apoio da Fapeam.
O dia 11 de fevereiro foi definido pela Unesco, em 2015, como Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi aprovada pela Assembleia das Nações Unidas por meio da Resolução A/RES/70/212. Dados da Unesco apontam que menos de 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres.