O plenário do Senado Federal aprovou, em dois turnos, nesta quinta-feira (2), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. A matéria havia sido chancelada pela Câmara em 9 de novembro e, como sofreu alterações no Senado, precisará ser aprovada mais uma vez pelos deputados, para só então ir à sanção.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) analisou e ratificou a proposta na última terça (30). Desde então, a matéria penava para entrar na pauta do plenário, uma vez que o relator e líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE), até esta manhã, não havia obtido o apoio necessário para levar o texto à votação.
A proposta limita o gasto anual com precatórios e abre margem para renegociação das dívidas do governo com condenação judicial definitiva.
Conforme o texto aprovado, os precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) serão pagos de forma parcelada e fora do teto de gastos. A quitação das dívidas públicas do Fundef, usadas por docentes como complemento salarial, serão pagas da seguinte forma: 40% até 30 de abril de 2022; 30% até 31 de agosto de 2023; e 30% até 31 de dezembro de 2024.
A “manobra” governista, segundo o líder do governo, abrirá, em consequência, espaço fiscal de R$ 10 bilhões para que sejam quitadas dívidas de ordem alimentícia. Desse total, serão priorizados os débitos de valores menores (de até R$ 66 mil) e, em seguida, os precatórios cujos beneficiários são pessoas de 60 anos ou mais, ou portadores de deficiência.
Auxílio Brasil
A PEC é tida como o “plano A” do governo federal para viabilizar o novo programa social Auxílio Brasil. Isso porque o texto votado pelo Congresso Nacional, ao propor a renegociação do pagamento de precatórios na ordem de R$ 90 bilhões, abre margem fiscal superior a R$ 106 bilhões no orçamento.
O espaço aberto com a proposta, segundo o Executivo, permitirá o pagamento de um auxílio de R$ 400 a 17 milhões de famílias. Uma das principais mudanças feitas na redação proposta pelo Senado Federal foi transformar o Auxílio Brasil em um programa social permanente. Há, porém, questionamentos sobre qual será a origem da verba necessária para financiar o auxílio nos próximos anos.
Para o relator da PEC, é “indiscutível” a necessidade de abertura de espaço fiscal dentro do teto de gastos para abrigar um novo programa social. Bezerra defende o pagamento de um auxílio “robusto”, tanto em termos do tamanho do público-alvo atendido quanto do valor mensal disponibilizado aos beneficiários.
“Não há dúvidas de que o novo arcabouço social que se desenha amenizará as agruras financeiras atuais de contingente expressivo da população, impactando positivamente na redução da desigualdade de renda, que é um problema observado no país há longo tempo e que necessita de soluções”, defende o emedebista no relatório.
De acordo com o documento, as alterações permitirão ampliar o repasse do auxílio financeiro para 17 milhões de famílias. Atualmente, estima-se que 14,6 milhões de famílias eram atendidas pelo extinto Bolsa Família. Os cálculos incluem repasses na ordem de R$ 400. Com a ampliação do público-alvo, o governo federal será suficiente para zerar a fila de candidatos ao auxílio inscritos no Cadastro Único.