A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, discursou durante o TED Countdown Summit. O tema foi a ação climática como um fator determinante para garantir um futuro sustentável e equitativo: “À medida que oportunidades econômicas prosperam, a esperança no futuro se torna realidade para milhões de pessoas e o espaço para o terrorismo e extremismo encolhe”, defendeu.
Além de convocar líderes mundiais, em especial do G20, para encabeçar iniciativas mais ousadas na redução de emissão de gases de efeito estufa e outros poluentes, Amina pediu que o “carvão virasse história”.
A vice-chefe da ONU lembrou dos danos que a crise já trouxe ao mundo, citando a situação do Lago Chade, na África, como um exemplo de vítima das mudanças climáticas. Ainda usando a África como exemplo, Amina lembrou que inspirações para reverter a situação também podem sair deste mesmo continente, como a Grande Muralha Verde, um projeto de combate à desertificação e restauração de terras degradadas por meio do plantio de 100 milhões de árvores entre Senegal e Djibouti.
A ação climática será determinante para um futuro verde e equitativo para todos, disse a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, na última sexta-feira (12), durante o TED Countdown Summit, realizado próxima a Edimburgo e transmitido ao vivo para todo o mundo.
Ela incentivou que as pessoas de todas as partes do mundo exijam que seus líderes cumpram a promessa de limitar o aquecimento global e também sublinhou a necessidade de maior financiamento, compromisso e ações solidárias para frear a crise. “A mudança climática não para, e nem nós devemos”, disse.
Vítimas
Amina, que é da Nigéria, começou seu discurso lembrando de seus passeios de infância ao longo das margens do Lago Chade, um dos maiores da África e responsável por abastecer cerca de 30 milhões de pessoas em quatro países.
Para ela, o lago era mais como um oceano naquela época e parecia que duraria para sempre. Hoje, o Lago Chade tem apenas uma mera fração de seu tamanho. “90% desta bacia de água doce secou e levou com ela os meios de subsistência de agricultores, pescadores e feirantes”, disse ela. “A mudança climática fez mais uma vítima”. A perda é ainda agravada pelos danos causados pelo Harmattan, ela acrescentou, uma temporada de vento e poeira que no passado durava apenas três meses.
Catástrofes
Agora, as tempestades de poeira estão chegando cada vez mais cedo e mais fortes. Neste ano, as consequências humanas e ecológicas foram devastadoras, com perda de empregos, fome e deslocamento.
A vice-chefe da ONU descreveu isto como uma “tempestade perfeita” para acentuar a pobreza, a violência e um solo fértil para o extremismo fixar raízes, enfraquecendo as negociações pela paz.
“Infelizmente, se você for para qualquer lugar do mundo ouvirá mais histórias trágicas de devastação climática. Secas, inundações, incêndios florestais – vidas e meios de subsistência correndo perigo e caminhando em direção à uma catástrofe”.
Mesmo diante da intensificação da crise climática, a vice-chefe da ONU disse que ainda tem esperança na “família humana” e em sua capacidade inabalável para sobreviver contra todas as probabilidades.
É esse espírito que levou os países a adotarem em 2015 o Acordo de Paris, cujo principal objetivo é manter o aumento da temperatura global em até no máximo 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Fonte: ONU